Campeonato Brasileiro pode fomentar o turismo e a economia
- INCT Futebol
- 24 de jul.
- 3 min de leitura
Henrique Santos
No texto abaixo, o autor defende que os jogos devem ser pensados como forma de facilitar a presença de público nos estádios e nas cidades.

Em 2024, a Série A do Campeonato Brasileiro se iniciou em um sábado, 13 de abril. As demais divisões – segunda, terceira e quarta – começaram um pouco depois (entre 19 e 28 de abril). Até o início daquele mês, a CBF ainda não havia divulgado as tabelas desmembradas com datas e horários das partidas envolvendo os times das séries B, C e D. Para nós, de Florianópolis, eram os jogos que envolviam Avaí e Figueirense. Mas também, abrangendo o cenário catarinense, incluía-se o Brusque e o Chapecoense, bem como o Concórdia, o Barra e o Hercílio Luz.
Ao longo de cada temporada, a CBF muda paulatinamente sua programação de datas e horários. Sem ter essas definições, torcedores e administradores como eu sonham que a CBF faça uma tabela pensada no público, torcida visitante, turismo, serviço e fomento da economia. Planejando os jogos para momentos propícios em relação a tudo isso, o que inclui partidas entre times de cidades próximas aos finais de semana, por exemplo. No primeiro jogo de 2024, um sábado, houve Criciúma versus Juventude, às 18h30, no estádio Heriberto Hulse, possibilitando que os torcedores visitantes pudessem sair da Serra Gaúcha rumo ao sul de Santa Catarina para ver o jogo e, além disso, consumir nos shoppings, bares e restaurantes, hospedando-se nos hotéis da região, etc.
Na realidade da Grande Florianópolis, envolvendo Avaí e Figueirense, menciono os confrontos entre times de cidades próximas possíveis de fomentar o turismo e a economia locais: Avaí versus Coritiba (aqui e no Paraná) e Caxias versus Figueirense (no Rio Grande do Sul). Essas duas partidas são capazes de levar centenas de torcedores aos estados vizinhos, caso sejam realizadas em dias e horários propícios, como sábado ou domingo.
Em 2009, fui ver Figueirense versus Paraná e Figueirense versus Juventude em Curitiba e Caxias. Viagens relativamente curtas e que envolveram hospedagem, alimentação, consumo em shopping, etc. Numa delas, a família foi junto. E, mesmo não indo ao jogo, estiveram na cidade só por causa dele.
Obviamente, sei que o calendário não permite colocar todas as rodadas focadas no turismo, e que nem todos os times têm a mesma necessidade de criação de demanda. Em 2024, foi o caso do Santos na Série B, por exemplo. Certamente, ele foi o grande player da segunda divisão, levando mais facilmente maiores públicos aos estádios.
No entanto, dentro do possível, a CBF deveria pensar em tudo o que movimenta um jogo de futebol e lidar com o todo (turismo, comércio, serviços, economia), ao invés de focar somente na audiência da televisão/internet/pay-per-view. Gustava Hazan, analista da Ernst & Young e CBF, argumenta:
Para cada 1% de aumento da taxa de ocupação média dos estádios do Campeonato Brasileiro, seriam gerados aproximadamente R$ 4 milhões em todo o campeonato, isso desconsiderando um provável e natural incremento do ticket médio. Realizamos o mesmo exercício para a geração de empregos nos estádios, onde poderiam ser gerados aproximadamente 8 mil novos empregos diretos no matchday, um aumento de 14% de postos de trabalho nos estádios utilizados na Série A.

Em 2024, a revista Forbes destacou a previsão de economistas de que a turnê da cantora Taylor Swift seria capaz de aumentar o PIB de Cingapura em mais de US$ 200 milhões (quase R$ 1 bilhão) por, entre outros motivos, um aumento de 10% nas reservas de hotéis, demanda de voos ao país e toda a geração de receita nos seis shows que a cantora estadunidense faria para 55 mil pessoas cada.
Nesse caso, a turnê de Taylor Swift envolveu negociação entre a cantora e o governo local, garantindo que o único país do Sudeste Asiático na etapa da “Eras Tour” fosse Cingapura. Por cases como esse, considero que seria inteligente que o poder público tivesse a iniciativa de solicitar à CBF uma tabela dirigida para fomentar o turismo e aquecer a economia em razão do futebol.
Sobre o autor
Henrique Santos é jornalista, administrador e especialista em Gestão do Esporte.
As perspectivas presentes nos artigos veiculados no blog Bate-Pronto não necessariamente refletem as posições institucionais do INCT Futebol.
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Como citar
SANTOS, Henrique. Campeonato Brasileiro pode fomentar o turismo e a economia. Bate-pronto, INCTFUTEBOL, Florianópolis, v. 2, n.24, 2025.
Campeonato Brasileiro pode fomentar o turismo e a economia © 2025 por Henrique Santos está licenciado sob CC BY-NC 4.0




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